Vila Velha,
10 de Fevereiro, 2025.
Caro Ernest,
Essa semana começarei a ler seu outro livro “Paris é uma Festa”. Estou ansioso.
As coisas começaram a andar melhor por aqui, me sinto mais preparado para agir.
Te escrever é uma das coisas mais fáceis para mim. É a única coisa que consigo escrever, mesmo sem ter a mínima ideia do que irei dizer.
Sabe aquela frase usada por Júlio César e Napoleão: dividir para conquistar. Eu mudaria um pouco para usar em minha realidade. Acredito que excluir para conquistar seria melhor. Quanto mais excluo afazeres e priorizo outros, melhor me sinto.
Escrevi na última carta sobre isso. Tenho imensa dificuldade de fazer duas coisas ao mesmo tempo, mas em compensação, faço muito bem uma coisa de cada vez.
É frustrante ter tão pouco tempo para fazer tantas coisas.
Você não teve que lidar com a tecnologia da minha geração. É um fator determinante que afeta a realidade em que vivemos. Temos tantas opções de atividades, que fica difícil focar em apenas uma. Deixar de fazer é o novo mantra para nós. Quanto menos, melhor.
Usar e otimizar o tempo que temos, é um grande desafio. A quantidade de horas de um dia, não acompanhou toda a evolução da humanidade. Ela continua com 24 horas.
É sempre a dúvida que carrego, ano após ano, nunca conseguindo me decidir. O que fazer com minhas 24 horas? O que escolher e priorizar?
São as mesmas perguntas que faço desde que era adolescente e tive que decidir qual curso universitário eu faria. Escolhi três vezes errado, o quarto parecia certo, me formei, mas ainda não sei se era o que eu deveria ter feito.
Se desse para fazer tudo que a gente quer, seria ótimo, pois nenhuma escolha teria que ser feita. Mas como é necessário, acredito que definir alguns critérios pessoais possam ajudar, mas isso também me leva a ter que escolher novamente. É rir para não chorar Ernest.
Se possível, me mande algumas considerações de como você decidiu se tornar escritor, tenho curiosidade.
Espero seu retorno,
Tiago.