Vila Velha,
14 de Janeiro, 2025.
Caro Ernest,
Enfim, aqui estou, de volta à casa.
Hoje é um dia que planejei escrever, mas fui tomado por um terrível bloqueio, o que me resultou em medo também.
Havia planejado escrever dois textos por semana este ano, mas já na segunda semana, tive que enfrentar esse problema. Me parece que as pessoas só querem dizer que crenças reais não existem, como o “mito” do bloqueio criativo, por exemplo. Elas existem e são reais. Escrever qualquer coisa no papel todos os dias, não indica que você não está com bloqueio também.
Eu tenho bloqueios até quando já previamente defino o que vou escrever. No momento que você anota ideias de textos, todos parecem temas muito interessantes e especiais, mas na hora de escrevê-los, se tornam as piores ideias do mundo.
Tendo que escrever 2 textos semanais, busco ser sintético, o que é muito difícil. Sei que você é bom nisso. Escrever de forma interessante, usando metade das palavras que normalmente usa, é uma conquista e tanto.
Me sinto um idiota quando reclamo de tantas coisas banais, mas acho que você me entende. Só queria sugestões suas para que eu não tenha mais esse horríveis bloqueios.
Te digo que essas cartas que te mando, muitas sem nenhum motivo específico, é minha necessidade real de escrever alguma coisa. Me sinto bem escrevendo para ti. É mais fácil, e não preciso escrever uma bíblia ou me preocupar se é interessante ou não o que estou dizendo.
Essas cartas que escrevo, nada mais são que substitutos de diários pessoais, e para não parecer um adolescente escrevendo no seu “querido diário”, resolvi escrevê-las a ti. Nas primeiras cartas que te enviei, queria mesmo chamar sua atenção e talvez nutrir algum tipo de amizade. Com o passar do tempo, vi que me fazia bem falar dos meus anseios nas cartas. São anseios reais que sinto. Não te conto tudo, até porque você tem coisas mais interessantes para ler, mas agradeço pela atenção de sempre.
Obrigado pela ajuda.