O que vou relatar aqui, não é uma ideia genial, revolucionária, ou nada do tipo. É uma ideia simples, talvez de execução complexa, pois seria um projeto a ser trabalhado por anos.
De um tempo para cá, fui maturando essa ideia na minha cabeça, de fazer o Espírito Santo ser reconhecido pelo estado do café, afinal, somos o único estado com cafés especiais, tanto da variedade arábica, quanto da conilon. Também somos o 2º maior produtor do Brasil, mesmo com as adversidades de ser um estado territorialmente pequeno, e com baixa população.
Essa ideia foi inspirada pelo projeto cultural sulcoreano, que em 30 anos, transformou a Coréia do Sul, em um polo cultural mundial, com seus doramas, K-pop, e filmes como Oldboy e Parasita. Não foi o acaso que juntou gerações de talentos de diversas áreas artísticas e criou esse movimento, foi um projeto governamental. Confesso que não sei profundamente sobre o projeto, mas sei que ele ocorreu e continua em vigor, já li e vi entrevistas sobre o assunto.
Sejamos sinceros, antes dessa expansão cultural, pouco conhecíamos sobre a Coréia do Sul. Era um país distante de nós, territorial e culturalmente falando.
Penso muito com a cabeça dos desenvolvedores deste projeto, creio que a pergunta chave foi a seguinte: “como podemos fazer um país desconhecido como o nosso, ser conhecido mundialmente?”. Há algumas respostas possíveis: investir em ciência, investir em tecnologia, investir em educação e investir em cultura. Talvez a última resposta seja a menos óbvia, mas, basta pensarmos no domínio americano sobre nós e sobre outros lugares do mundo, e ver que a parte cultural foi muito impactante; filmes, músicas, etc. Nesse quesito, os EUA praticamente domina vários mercados externos fora do país.
Agora, vamos encarar o meu mundo, como capixaba. Somos um dos menores estados do Brasil, com uma das menores populações, temos pouca relevância cultural, somos um estado desconhecido, não temos sotaque, e nossa culinária é o que nos faz presentes. Para constar, trago uma visão externa do Brasil sobre o Espírito Santo, não é a minha visão.
No que o Espírito Santo é referência no Brasil? Em qual área podemos nos orgulhar e dizer que somos os melhores, sem contestação? O café!
O projeto de criar o “estado do café”, ficou mais vívido na minha cabeça após eu assistir um documentário sobre café no Vietnã, onde fizeram exatamente o que pensei, um projeto cultural/educacional de café em todo o país, com uma cidade, inclusive, sendo considerada a capital do café vietnamita, com museus, festas, escolas, rituais, todos voltados ao café.
A cultura geral do brasileiro sobre café, é horrível. Tomamos café da pior forma possível, enchendo uma garrafa de 1 litro a ser consumida por todo o dia, colocando sempre muito açúcar. Comercializamos, em sua maioria, o “não café”; uma mistura de pedra, inseto, café ruim e pau, que quando torrados e queimados, se tornam o pó que bebemos no dia a dia.
O Projeto
A minha ideia, era introduzir, como matéria obrigatória, conhecimentos sobre cafeicultura, nas escolas do Espírito Santo, nem que seja algo extracurricular. Seria uma marca exclusiva nossa, uma população conhecedora de café.
Já fiz cursos de barista e degustador, e sempre, em todas as ocasiões, 100% das pessoas se interessam pelo assunto café, é uma paixão nacional, independentemente se elas se tornarão profissionais da área ou não, é algo que desperta a curiosidade. Imagina criar uma educação em torno disso, onde desde criança, as pessoas irão conhecer sobre o tema e propagar esses conhecimentos. Os impactos disso seriam incríveis para o mercado interno, inclusive, valorizando os produtores de cafés especiais capixabas, que são muitos!
O enoturismo, é uma marca Chilena e Argentina, e por que não, fomentar um turismo cafeeiro capixaba também? Sabemos como somos fracos na área turística, e também sabemos do potencial que temos.
Me parece que o governo capixaba está um pouco satisfeito nessa posição de estado neutro. O que soa para mim, é que gostamos de ser invisíveis, e não falo dos capixabas, mas falo das pessoas que nos governam.
“O Espírito Santo é o Rio de Janeiro que deu certo”. Não quero ser reconhecido pelo demérito dos outros, quero ser reconhecido pelas nossas conquistas.